A Segunda Carta de Pedro
Em artigos anteriores, tratamos da Primeira Carta. Já a Segunda Carta ou Epístola é uma carta testamento e que Pedro lembra sua presença na Transfiguração de Jesus (2Pd 1,16-18, Mt 17,1-7, Mc 9,2-9 e Lc 9,28-3).
A
leitura da carta transmite a ideia que o autor já está velho e no fim da vida.
Daí as recomendações com o objetivo de manter a fé do grupo e alertá-los dos
perigos que rondam as comunidades. Esta carta também tem a intenção de afirmar
a inspiração divina da Bíblia (1,20-21: sabei que nenhuma profecia da Escritura
é de interpretação pessoal), dar uma resposta precisa ao problema da Parusia
(palavra grega que resume a volta gloriosa de Jesus Cristo, no final dos
tempos, para estar presente ao Juízo Final) e ainda cita e trata das cartas
paulinas (3,15-16).
Esta
carta nos mostra que são comunidades que estão esperando o retorno do Senhor,
mas
estão desanimadas e que algumas foram infiltradas por falsos mestres e que seus
ensinamentos ameaçam essas comunidades. São comunidades familiarizadas com a Sagrada
Escritura e com as tradições apocalípticas judaicas, mas abertas à cultura
helenista.
O
objetivo central da Carta é criticar severamente os hereges pelos erros
doutrinários (2,1-11) e os desmandos de ordem moral (2,12-21) e estabelecer a
doutrina da Parusia (3,8-13). A Parusia não é uma fantasia, vem dos Apóstolos
(1,16-18) e foi anunciada pelos profetas (1,19-21). Por fim, o Senhor é
paciente e espera a conversão (3,8-9).
Esta
Carta, assim como a de Judas, enfatiza a luta contra os falsos mestres (2Pd 2;
Jd 3-4), os conflitos internos em torno da disciplina e da verdadeira doutrina.
Ou seja, contra as heresias, palavra grega que significa escolha ou opção, mas
que com o tempo passou a designar o desvio de um caminho ortodoxo, outra
palavra grega que significa caminho certo ou em conformidade com o dogma
católico. A heresia tem a ver com heterodoxia, isto é, com o caminho diferente.
Os
cristãos acusavam-se mutuamente de traírem a verdadeira fé e a consequência foi
a luta pela reta doutrina. A primeira doutrina que a Igreja condenou foi o
Gnosticismo.
O
Gnosticismo foi uma religião de redenção ou de remissão, contemporânea ao
cristianismo e alcançou o auge na metade do século II. Foi um movimento
multiforme, ramificado em vários grupos e sistemas doutrinais das mais diversas
denominações, assumindo a forma de comunidades religiosas e também de escolas
filosóficas.
A
partir da interpretação alegórica das Sagradas Escrituras, os gnósticos
dissolviam quase completamente a doutrina cristã e misturavam com conceitos e
ideias de várias correntes filosóficas, como: platônica- pitagórica, Zoroastro,
religiões orientais e a corrente dualista do mundo filosófico. A ideia era
conciliar o cristianismo com a filosofia da época. Se antes, com os judeus
cristãos, o problema era em relação à Lei, com as heresias o ponto central
passa a ser a doutrina e a fé em Jesus Cristo.
Restando
a advertência final (3,17-18): caríssimos, não caiais, mas crescei na graça e
no conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.
Mario
Eugenio Saturno (cientecfan.blogspot. com) é Tecnologista Sênior do Instituto
Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e congregado mariano
MARIO EUGENIO SATURNO - Quociente de Inteligência Política