O radicalismo dos malditos
Em geral, uma guerra não tem vencedor, mas quem perde menos.
. E mesmo em guerras de
conquista, como a que vemos na Ucrânia. Igualmente, acontece para disputas
internas, quando o adversário é encarado como inimigo a ser destruído, todos
perdem... E muito! Não precisa ser astuto para perceber isso, mas o radicalismo
combina com a estultícia.
O
pior radicalismo político é o religioso, sempre é bom desconfiar de quem fala
em Deus, o ser humano mau travestido de bom é sempre o pior. E foi o próprio
Jesus quem mostrou que o recitador de Bíblia (o fariseu em Lucas 18,9-14) é
mau, enquanto que o pecador arrependido é bom.
Jamais
esqueço as palavras de Jeremias (17,5): eis o que diz o Senhor: maldito o homem
que confia em outro homem! Eu acrescentaria: malditíssimo o homem que confia em
político. Mas o Salmo (145,3) vem em meu socorro: não coloqueis nos poderosos a
vossa confiança, são apenas homens nos quais não há salvação.
E o
próprio Jesus diz o destino desses que se dizem anunciadores, mas causam grande
decepção por seus escandalosos bezerros de ouro (Mateus 18,7): ai do mundo por
causa dos escândalos! Eles são inevitáveis, mas ai do homem que os causa!
O
radicalismo político estimula ainda mais radicalismo, em uma espiral cujo fim
conhecemos, basta ver a história do Brasil e de outros países. A História
sempre se repete. Vimos a Dilma pavimentar o caminho da extrema direita ao
poder. Agora, Bolsonaro pavimenta o caminho de Lula de volta ao poder, e quando
mais radical age, mais consensual (nos dois sentidos) fica a escolha de Lula.
A
diferença é que Lula não é um idiota com complexo messiânico, Lula é o político
mais inteligente na disputa e o radicalismo o beneficia muito, para se eleger
e, depois, para governar com mão pesada.
A
solução, muito difícil de acontecer, é trocar a paixão cega pela
"Pátria" por um amor racional, decisivo, produtivo. Difícil porque
ninguém quer ouvir, pois o apoio deveria ser destinado a candidatos fora do
radicalismo, como Moro (?), Ciro e Dória ou, ainda, a Tebet. É impressionante
que sejam poucos os políticos experientes que enxergam essa situação...
E o
que temos visto é o radicalismo escalando a ponto de um juiz proibir
manifestações políticas no Lollapalooza. Eu fico horrorizado toda vez que um
juiz extrapola os direitos individuais de manifestação. Existe uma lei
eleitoral que estabelece limites para políticos ou candidatos a políticos, eu
até acredito que seja uma lei inconstitucional, mas a manifestação de cidadãos
contra governantes é constitucional e nem precisa ser advogado para entender
isso.
É
lamentável ver que no Congresso exista uma Bancada da Bala, outra da Bíblia
(muitos são pastores da prosperidade – não deveriam servir a dois senhores),
Rural (que deveria chamar-se do Agrotóxico), do aborto, da pena de morte...
Cadê a Bancada da Ciência e Tecnologia? Pois é, a única que traz prosperidade,
segurança, saúde, empregos especializados e bem pagos... Essa é a bancada que
interessa a uma nação, estratégica, soteriológica, prioritária, consensual. E
não é que chegou a hora de escolher novos parlamentares!
Mario
Eugenio Saturno (cientecfan.blogspot. com) é Tecnologista Sênior do Instituto
Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e congregado mariano.
MARIO EUGENIO SATURNO - Quociente de Inteligência Política