A Polícia do Ódio
Quando eu li o livro "Atrás do arame farpado" do judeu naturalizado brasileiro Kost Krymow (Konstantin Kaliberdá) sobrevivente de um campo de concentração nazista, fiquei extremamente chocado com o tratamento dispensado a seres humanos comuns com uma religião diferente.
O livro despertou-me uma
grande empatia ao povo judeu.
A
descrição das execuções, especialmente das realizadas na câmara de gás, é de
uma crueldade sem limites. Jamais pensei testemunhar, exceto em filmes
ficcionais e acidentes uma tragédia singular. Eis que vejo três policiais
atirando um cidadão dentro do porta malas da viatura e, em seguida, explodindo
uma bomba de gás lacrimogêneo. E saboreando a morte cruente de uma vítima
perfeita. E tudo diante de muitas testemunhas, inertes diante da força bruta a
um concidadão que não cometera um crime, mas uma infração que até o presidente
Bolsonaro comete toda semana e não é punido. Cidadão que se identificou como
doente de esquizofrenia. E, diga-se ainda, franzino.
Para
agravar, eram policiais rodoviários e, frise-se, federais, aqueles que têm um
salário maior que muitos cientistas que engrandecem realmente a Pátria Amada.
Para chocar ainda mais, o comando da PRF emite um comunicado com uma versão
fantasiosa: "Em razão da sua agressividade, foram empregados técnicas de
imobilização e instrumentos de menor potencial ofensivo... Durante o
deslocamento, o abordado veio a passar mal". Nota asquerosa e conivente
com a tortura que já era pública e notória.
Se o
horror da tortura explícita e certeza de impunidade não pudessem mais chocar, a
imprensa descobre um vídeo de um instrutor policial rodoviário federal
orientando seus alunos do Paraná a fazer exatamente aquilo que aconteceu e
rindo fartamente diante de uma provável vítima. Essa perda de medo é devido à
tentativa do governo federal aprovar o excludente de ilicitude, que livraria
esses torturadores assassinos de um crime inafiançável e que comprova a
intenção de impunidade neste governo, o que o torna pior que genocida, é
torturador homicida.
E pode
piorar? Sim, todos os policiais que ingressam na PRF fazem o Curso de Formação
que tem de 3 a 4 meses de duração (só isso?). Pois é, e a disciplina de
Direitos Humanos foi excluída do curso, possivelmente substituída por este
curso horrendo de tortura assassina contra a cidadania.
Quando
eu fui convocado a servir o Exército do meu país, em um Tiro de Guerra,
ensinaram que o soldado é treinado para matar, mas com respeito ao inimigo que
é um ser humano que está defendendo os interesses do país dele.
Não
vivemos em uma época pré-Hamurabi como pensam muitos desses policiais que
querem punir com morte crimes banais. Lembremos que o rei Hamurabi da Babilônia
viveu há mais de 3700 anos e que formalizou as leis de talião, ou seja, tal
crime, tal punição, nada além.
Ao
contrário do soldado, o policial (do grego polis, cidade) deve ser treinado
para proteger os cidadãos da "Polis" atuando contra cidadãos da mesma
Polis, que devem ser tratados dentro da lei com urbanidade, cidadania e
respeito, seja ladrão de galinha ou traficante.
Mario
Eugenio Saturno (cientecfan.blogspot.com) é Tecnologista Sênior do Instituto
Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e congregado mariano.
MARIO EUGENIO SATURNO - Quociente de Inteligência Política