Barraginha para aproveitar a chuva
Escrevi várias vezes que a prioridade nacional deveria ser a preservação da maior riqueza de uma nação, a água potável.
E ainda que ao invés de bolsas para
família em situação famélica, deveriam priorizar bolsas- trabalho especialmente
para a construção de cisternas no Nordeste, para enfrentar a seca, e nas
cidades, para conter as inundações. Mas não tenho ilusões quanto a esse governo
que nada tem de patriótico, nem estratégico e nada laborioso.
Além
das cisternas, descobri na Embrapa, Empresa Brasileira de Pesquisa
Agropecuária, o projeto das Barraginhas que são pequenas bacias escavadas no
solo, de 8 a 10 metros de raio e rampas suaves, construídas dispersas nas
propriedades com a função de captar enxurradas, controlando erosões e
proporcionando a infiltração da água das chuvas no terreno.
Há
um livro que pode ser adquirido diretamente do site da Embrapa, escrito pelo
Luciano de Barros, engenheiro agrônomo especializado em irrigação e drenagem, e
Paulo Eduardo Ribeiro, químico especializado em gestão ambiental. Ambos da
Embrapa de Sete Lagoas, Minas Gerais.
A
Embrapa desta cidade desenvolveu o Projeto Barraginhas para amenizar a perda de
terra e nutrientes arrastados pela erosão, devido ao desmatamento acelerado e
introdução de lavouras e pastagens sem os devidos cuidados de conservação de
solo e sem a preocupação com reposição de nutrientes. Além do que o gado
provoca a compactação dos solos, reduzindo a infiltração das águas das chuvas e
provocando a enxurrada e erosão.
O
Sistema Barraginhas consiste em dotar as áreas de pastagens, as lavouras e as
beiras de estradas, onde ocorram enxurradas, de vários miniaçudes distribuídos
de modo que cada um retenha a água da enxurrada, evitando erosões, voçorocas
(mega erosões) e assoreamentos, e ainda amenizando as enchentes.
Ao
barrar a água de uma chuva intensa, as barraginhas darão tempo para que essa água
se infiltre no solo, recarregando o lençol freático. Quanto mais rápido essa
água se infiltrar no solo, mais eficiente será a barraginha. Assim, ela estará
apta a colher a próxima chuva.
A
elevação do lençol freático aumenta a disponibilidade de água nas cisternas,
propicia o umedecimento das baixadas e até o surgimento de minadouros. Isso
ajuda a amenizar os efeitos das estiagens e viabiliza a sustentação de lagos
para criação de peixes e o cultivo de hortas, lavouras e pomares, gerando um
clima de motivação entre os agricultores, e proporcionando mais trabalho e
renda.
Este
sistema de captação de água de chuvas funciona muito bem no semiárido
brasileiro que tem precipitações de 500 milímetros a 1.800 milímetros, mas o
maior problema é a má distribuição dessas chuvas. Caindo muita água em poucas
ocasiões, ou seja, grande parte desse volume pluvial não se infiltrará no
local, escorrendo para formar enxurradas e enchentes.
O
governo não precisa ir a Israel buscar tecnologia não apropriada para resolver
todos os nossos problemas, a prataria da casa é fina e bonita, mas precisa que
deputados e senadores a conheçam e promovam.
Mario
Eugenio Saturno (cientecfan.blogspot.com) é Tecnologista Sênior do Instituto
Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e congregado mariano.
MARIO EUGENIO SATURNO - Quociente de Inteligência Política