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Torres,08/05/2024

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A ignorância por escolha

É nato ao ser humano compartilhar informações úteis ou, simplesmente, para entretenimento, desde o capítulo da novela à descoberta de um planeta habitável na estrela mais próxima de nós, passando pela importância do novo Missal católico.

Há também muitas pessoas comopinião para tudo, julgam-se capazes de distinguir o Bem, o Bom e o Certo eorientar os demais, ou seja, arrogam- se saber, a já conhecida arrogância. Ealguns se julgam conhecedores profundos, não conseguem enxergar a própriaignorância, é o Efeito da Superioridade Ilusória, como muitos radicaispolíticos e religiosos.

Mas tem outro tipo de pessoaque opta pela ignorância, evitam informações sobre as consequências negativasde suas ações, pensam apenas nas suas vantagens pessoais. É o que trata doartigo "Ignorância por Escolha: Uma Revisão Meta-Analítica das Motivações Subjacentesda Ignorância Voluntária e Suas Consequências" de Linh Vu e outroscientistas.

Conhecido como ignorânciavoluntária (Dana, 2007 e outros papers), é um comportamento que reduz oaltruísmo. Por exemplo, os consumidores podem evitar informações sobre oprocesso de produção das mercadorias que compram (Ehrich & Irwin, 2005),como os tênis daquela marca. Da mesma forma, os cidadãos frequentemente relutamem informar-se sobre as mudanças climáticas para que não sintam a obrigação demudar seu estilo de vida (Stoll-Kleemann, 2001).

A ignorância voluntáriatambém facilita a corrupção na política e nos negócios. No escândalo Watergate,muitos mostraram uma fé intensa no poder imunizante da ignorância deliberada eno julgamento da Enron, o maior caso de corrupção na história dos EUA, oconceito de ignorância voluntária desempenhou um papel fundamental na sentençados principais executivos (Simon, 2005).

Compreender seusimpulsionadores (drivers) e consequências é vital, dados os resultadosprejudiciais que se observa. A ignorância voluntária foi estudada napsicologia, sociologia, economia, negócios, direito, filosofia e ciênciapolítica. E este trabalho sintetizou empiricamente a evidência existente.

As pesquisas anterioresabordaram resultados monetários, do egoísmo ou altruismo, e preocupações comeficiência, equidade ou desigualdade. Resultados das meta-análises e análisesde doações de caridade nos Estados Unidos e na Grã-Bretanha sugerem que asmulheres são mais altruístas do que os homens. E o altruísmo aumenta com aidade.

Descobriu-se que os idososmais frequentemente doam todo o seu patrimônio, os participantes de meia-idadedoam metade de seu patrimônio, e os estudantes são os mais propensos a não doarnada. Teoricamente, as pessoas mais jovens são mais centradas em si mesmas doque as pessoas mais velhas, devido à sua falta de recursos ou sua perspectivadiferente sobre o tempo.

No geral, a meta-análisetestou as previsões feitas pela teoria da ignorância voluntária e determinou arobustez desse comportamento avaliando como moderadores relevantes moldam asmotivações altruístas ou a busca de desculpas. O que os olhos não veem, muitossentem...

Mario Eugenio Saturno(fb.com/Mario.Eugenio.Saturno) é Tecnologista Sênior do Instituto Nacional de PesquisasEspaciais (INPE) e congregado mariano





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